“Na verdade há um espírito (ruach) no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz entendido.” – Jó 32:8.
“Nas tuas mãos entrego o meu espírito (ruach); tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.” – Salmo 31:5.
“Sai-lhes o espírito (ruach) e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios.” – Salmo 146:4.
“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.” -Eclesiastes 12:7.
“Fala o Senhor, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito (ruach) do homem dentro dele.” – Zacarias 12:1.
Algumas vezes a palavra ruach é traduzida como sopro, hálito ou respiração do ser humano. Confira:
“Enquanto em mim estiver a minha vida, e o sopro (ruach) de Deus nos meus narizes…” – Jó 27:2.
“O meu hálito (ruach) é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe.” – Jó 19:17.
“Se lhes cortas a respiração (ruach), eles morrem, e voltam ao seu pó.” – Salmos 104:29.
Portanto, a intenção do autor bíblico ao escrever a palavra ruach não era descrever uma entidade desencarnada autônoma, invisível e consciente conforme muitos crêem, mas descrever o fôlego de vida, o sopro vital cuja fonte é Deus. Portanto, para fins de tradução e interpretação bíblica, a palavra espírito é sinônimo de sopro, hálito, respiração, pois têm a mesma origem no hebraico: ruach.
O Espírito de Deus também é chamado de ruach no Antigo Testamento. Como vimos, a palavra ruach significa originalmente sopro, vento, fôlego.
“Então disse o Senhor: O meu Espírito (ruach) não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.” – Gênesis 6:3.
“Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito (ruach) de Deus?” – Gênesis 41:38.
“Tendo-se retirado de Saul o Espírito (ruach) do Senhor, da parte deste um espírito (ruach) maligno o atormentava.” – I Samuel 16:14.
Note que neste último verso a palavra ruach é usada tanto para definir o ruach maligno quanto para descrever o ruach de Deus. São dois espíritos diferentes. Surge, então, a seguinte questão com relação à independência e autonomia destes espíritos: O Espírito (ruach) do Senhor é uma pessoa e o Senhor é outra pessoa distinta? Isso também vale no caso do espírito (ruach) maligno? Ou seja, o maligno é um ser pessoal e o ruach do maligno é outra pessoa diferente? Pense nisso antes de continuar! Em sua resposta cuidado para não ser influenciado pelo conceito popular de espírito. Lembre-se do conceito bíblico.
Jó costuma comparar o Espírito de Deus com o seu sopro:
“O Espírito (ruach) de Deus me fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida.” – Jó 33:4.
“Se Deus pensasse apenas em si mesmo, e para si recolhesse o seu espírito (ruach) e o seu sopro, toda a carne juntamente expiraria e o homem voltaria para o pó.” – Jó 34:14 e 15.
Algumas vezes o ruach de Deus não é traduzido como espírito, mas como sopro ou respiração. Veja:
“Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro (ruach) de sua boca o exército deles.” – Salmo 33:6.
“A sua respiração (ruach) é como a torrente que transborda e chega até ao pescoço…” – Isaías 30:28.
Estas traduções para ruach (sopro e respiração) estão perfeitamente adequadas e de acordo com a definição original de ruach no hebraico, pois a definição original de ruach, no hebraico, é sopro, fôlego, respiração e vento. Veremos mais exemplos adiante.
É interessante notar que os animais também possuem ruach, mas para diferenciar dos seres humanos e de Deus, na maioria das vezes o ruach dos animais é traduzido como “fôlego de vida”. Esta forma de traduzir também está de acordo com o sentido original da palavra. Veja estes exemplos:
“Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego (ruach) de vida debaixo dos céus: tudo o que há na terra perecerá.” – Gênesis 6:17.
“De toda a carne, em que havia fôlego (ruach) de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca.” – Gênesis 7:15.
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhe sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego (ruach) de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais…” – Eclesiastes 3:19
A palavra ruach aparece 379 vezes em 348 versos no Velho Testamento e, embora seja traduzida como espírito em vários textos, ruach também é traduzida como fôlego de vida, vento, sopro e ar. Note que não há nenhuma interpretação particular nesta direção. Este é realmente o significado original da palavra ruach. Veja outras traduções possíveis, sinônimos de espírito:
“… Deus fez soprar um vento (ruach) sobre a terra e baixaram as águas” – Gênesis 8:1.
“E eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento (ruach)” – Eclesiastes 1:14 u.p.
“Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro (ruach) da sua ira se consomem.” – Jó 4:9.
“Lembra-te de que minha vida é um sopro (ruach).” – Jó 7:7.
“A tal ponto uma se chega à outra que entre elas não entra nem o ar (ruach)” – Jó 41:16.
Em alguns versos a palavra ruach é traduzida como mente ou ânimo. Neste caso, o tradutor entendeu que a palavra ruach foi utilizada num sentido figurado, simbólico e, portanto, não deveria ser traduzida ao pé da letra como espírito, vento ou fôlego:
“Deu Davi a Salomão, seu filho, a planta do pórtico com as suas casas, … também a planta de tudo quanto tinha em mente (ruach), com referência aos átrios da casa do Senhor.” – I Crônicas 28:11 e 12.
“Despertou, pois, o Senhor, contra Jeorão o ânimo (ruach) dos filisteus, e dos arábios que estão da banda dos etíopes.” – II Crônicas 21:16.
Através do método de comparação de versos bíblicos, podemos reconhecer que o Espírito de Deus é, de um modo figurado, sua própria mente.
Isaías 40:13 |
Romanos 11:34 |
I Coríntios 2:16 |
“Quem guiou o Espírito do Senhor? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?” |
“Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” |
“Pois, quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir?” |
De nossa breve análise no Velho Testamento, concluímos que o Espírito de Deus é o ruach de Deus, ou seja, o fôlego ou o sopro do único Deus Todo-Poderoso e não uma outra pessoa da divindade. Da mesma forma o espírito (pneuma) do homem é o fôlego de vida do homem e não uma pessoa diferente.
Porventura o Novo Testamento confirma o conceito de “espírito” do Velho Testamento?