“Ficamos surpresos ao ver quão frequentemente os pais mentem”, afirma o pesquisador Kang Lee, da Universidade de Toronto, no Canadá. O estudo feito pela equipe de Lee ainda é preliminar, mas traz à tona as implicações das mentiras para crianças em uma fase em que elas tentam descobrir como funcionam as relações sociais. “A pesquisa descobriu que mesmo os pais que promovem a importância da honestidade para os filhos costumam mentir”, diz.
Para pegar as mentiras dos pais, os pesquisadores realizaram dois estudos, em que pais e estudantes comentaram sobre nove situações hipotéticas, em que o pai mente para a criança – para deixá-la feliz ou para moldar seu comportamento.
Um exemplo que foi utilizado no estudo foi o de um pai dizendo a uma criança chorando que a polícia virá buscá-la se o choro não parar. Outro exemplo sobre as emoções é o de afirmar à criança que um parente próximo que faleceu se tornou uma estrela para cuidar da criança, por exemplo. (…)
De acordo com a pesquisadora Gail Heyman, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, as mentiras podem impedir as crianças de aprender algumas regras. A afirmação é reiterada pela pesquisadora Victoria Talwar, da Universidade McGill, no Canadá. “Se o educador sempre mente para que a criança faça X, Y ou Z, então a criança nunca realmente aprende a fazer essas coisas”, afirma Talwar.
Os especialistas admitem que às vezes é aceitável encobrir um pouco a verdade, como ao dizer que os rabiscos da criança são bonitos, por exemplo. O detalhe é que o estudo revelou que as mentirinhas contadas pelos pais vão além de pequenas coisas, e são contadas para evitar discussões ou conversas longas, por exemplo.
Independente da questão sobre a mentira dos pais ser ou não aceitável, Heyman chama a atenção aos pais para que eles façam uma reflexão antecipada sobre a criação dos filhos, para evitar mentiras contadas no calor do momento. “Muitas mentiras são contadas impulsivamente, e os pais não pensam sobre como o que eles dizem irá afetar os filhos”, afirma a pesquisadora. “Acredito que os pais devem discutir antecipadamente sobre suas crenças, para quando o momento chegar, trabalhar com o que realmente acredita e não com o que surgir na sua cabeça no momento”, diz Heyman.
Nota Saúde e Família:
Falar a verdade é um princípio bíblico e deve nortear todas as relações humanas. Principalmente no que diz respeito à moral e à conduta, as crianças são muito perceptivas e notarão a incoerência entre palavras e atos.[DB]