Segundo Delgado, a televisão e os filmes desempenham um papel significativo na formação das ideias e expectativas dos adolescentes sobre sexo e relacionamentos. Para muitos jovens, essas mídias são as principais fontes de informação sobre esses assuntos, o que os torna particularmente vulneráveis à influência dos conteúdos que consomem. Nesse contexto, a exposição precoce a programas de conteúdo maduro pode ter efeitos significativos no comportamento sexual dos adolescentes.
O estudo acompanhou 754 participantes, entre meninos e meninas, desde a infância até a adolescência, observando seus padrões de consumo de TV e analisando a relação entre a exposição a conteúdo adulto e o início da atividade sexual. Os resultados foram surpreendentes: descobriu-se que crianças expostas a programas de conteúdo adulto entre 6 e 8 anos de idade tinham uma probabilidade significativamente maior de iniciar relações sexuais mais cedo na adolescência. A cada hora adicional de exposição a esses programas, a chance de iniciar a atividade sexual precoce aumentava em até 33%.
Delgado explicou que o entretenimento adulto aborda questões complexas e muitas vezes relacionadas ao sexo, o que pode confundir as crianças e influenciar suas percepções sobre relacionamentos e comportamento sexual. O problema é agravado pelo fato de que as crianças não têm a mesma capacidade que os adultos de distinguir entre ficção e realidade, o que torna mais difícil para elas processar e contextualizar as mensagens transmitidas pelos programas de TV.
"Entretenimento adulto trata de problemas muito complexos e muitas vezes sexuais. Uma criança não tem nem a experiência de vida e nem o desenvolvimento cerebral para diferenciar a realidade da situação de um filme, por exemplo", declara Delgado. “As crianças aprendem dos meios de comunicação e quando são expostas a referências sexuais, tendem a ter relações mais cedo.”
Como a própria classificação indicativa já alerta NOVELA NÃO É COISA DE CRIANÇA, tenha juízo e não exponha seus filhos. [Aliás, não se exponha.]
A classificação indicativa dos programas de televisão existe justamente para proteger as crianças e adolescentes de conteúdos inadequados para suas idades. No entanto, muitos pais não estão cientes dos potenciais danos que a exposição a conteúdo adulto pode causar aos seus filhos. Delgado ressaltou a importância de os pais monitorarem de perto o que seus filhos assistem na TV e limitarem sua exposição a programas inadequados para sua faixa etária.
Além disso, o estudo levanta questões sobre o papel da indústria do entretenimento na formação da juventude. Embora a liberdade de expressão seja um direito fundamental, é importante que os produtores de conteúdo considerem o impacto de suas criações na vida dos espectadores mais jovens. Talvez seja hora de a indústria repensar suas práticas e adotar medidas mais responsáveis em relação ao conteúdo que produz.
Em suma, o estudo de Delgado destaca a importância de se abordar a questão da exposição precoce a conteúdo adulto na televisão e seu impacto sobre o comportamento dos adolescentes. Pais, educadores e profissionais da mídia devem trabalhar juntos para garantir que os jovens tenham acesso a informações e entretenimento que os ajudem a crescer de forma saudável e responsável. Afinal, a proteção e o bem-estar das crianças devem ser sempre prioridades máximas em nossa sociedade.