a incerteza do perdão. Minhas mãos estão manchadas de sangue, pois tirei a vida de um nenenzinho que eu carregava no ventre. Sinto que não existe perdão para um pecado tão horrível como este. Responda-me por favor, existe perdão para mim?”
O drama desta mulher, cujo o nome é fictício, me levou a tratar o assunto do aborto nesta palestra.
Este tema é sem dúvida nenhuma, controvertido e delicado. O mundo todo está dividido em dois grandes grupos com relação a este assunto. Esta controvérsia intensificou-se a partir de 1973 quando a corte suprema dos Estados Unidos legalizou o aborto. Os dois grandes grupos são: de um lado os que defendem a vida, e do outro, os que defendem o direito que a mulher tem de decidir se deve ou não ter a criança que gerou.
Pessoalmente acho que as implicações são muito mais profundas, porque o aborto é muito mais do que o fim de uma gravidez. Ele converteu-se, hoje, numa atitude e até quase num estilo de vida. Na realidade, é uma maneira de encarar qualquer problema que aparece pela frente. Você tem problemas no emprego? Não se preocupe muito, aborte seu emprego, demita-se. Seu casamento não anda bem? Aborte seu casamento, divorcie-se. Encontra dificuldade na vida cristã? Não insista, aborte seu relacionamento com Deus e com a igreja, abandone tudo. Você vê? O aborto na realidade, é uma tentativa de evitar a conseqüência de nossas ações. A Bíblia é clara quando afirma:
“Não vos enganeis; de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna. (Gálatas 6:7-8)
A advertência aqui é clara. Não resta dúvida. A Bíblia afirma que colheremos o que semeamos. Mas o aborto tenta ignorar este fato fundamental da vida, parando as batidas de um coração humano.
Analisemos, por exemplo, o caso de Jenifer, uma garota imaginária, que amava as diversões e brincava de sexo. A ansiosa busca por prazer levou-a a uma gravidez. Os pais e ela não duvidaram um minuto em tomar a decisão que parecia ser a mais simples: o aborto. Afinal de contas, por que a família teria que sofrer todas as conseqüências que aquela gravidez acarretava?
O aborto, embora tão traumático quanto possa ser, parece à primeira vista, ser a solução mais simples e o caminho mais fácil para resolver o problema.
Infelizmente, depois de abortar seu “problema”, Jenifer nunca aprendeu a lição. No verão seguinte, ficou grávida de novo. E dois anos mais tarde outra vez. Foram quatro abortos antes de completar 21 anos, acredite, se quiser.
A pergunta é: Que teria acontecido se Jenifer não tivesse escapado da realidade com aquele primeiro aborto? Nove meses de gravidez, sem dúvida nenhuma, teriam sido difíceis, mas aquela experiência poderia, talvez, ter lhe ensinado uma das mais importantes lições da vida: que é preciso encarar as conseqüências de nossas ações e não fugir delas.
Mas existem tantos defensores do aborto hoje, que dá a impressão de que os defensores da vida é que estão errados. O problema é que a escala de valores de nossa sociedade está ficando de cabeça para baixo. Suponhamos que fosse um pequeno golfinho nadando dentro da barriga de uma mãe grávida, você pode estar certo que apareceriam imediatamente os manifestantes do movimento “Salvem o golfinho” defendendo furiosamente o direito de viver do bichinho. Mas acontece que esses mesmos ativistas que fazem campanhas e passeatas para preservar a vida de todos os golfinhos do oceano, são os que defendem o direito que a mulher tem de interromper a vida de uma criança que carrega no ventre.
Parece estranho, não parece? Essa é a religião do humanismo secular. Mas o cristianismo avalia a vida como um dom de Deus. Um dom tão sagrado que Jesus deu Sua própria vida para preservar a vida do homem. Portanto, quando pensamos no aborto, a pergunta que devemos fazer é: o que fez aquela criança para merecer a morte?
Você talvez ache que uma criança que ainda não nasceu, não está viva, porque não respira sozinha. Mas a realidade é que o feto já é um consumidor de oxigênio, como qualquer ser humano vivo. É verdade que precisa da ajuda da mãe para processar a respiração, mas muitos adultos, no momento de uma cirurgia, também precisam de ajuda para respirar. Sem os aparelhos, morreriam. Seria alguém capaz de deixar morrer um adulto, durante a cirurgia, somente porque não pode respirar por si só?
A criança, mesmo depois de ter nascido, e de começar a respirar sozinha, ainda é dependente. Não pode alimentar-se só, não pode sustentar-se financeiramente, se quer pode virar-se sozinha no berço. É óbvio, então, que o fato de ser dependente não tem nada a ver com sua condição de pessoa humana.
A verdade é que uma criança, mesmo antes de nascer, já tem todas as características definidas de um ser humano no primeiro trimestre de vida fetal. Por volta dos 25 dias, praticamente antes que a mãe perceba que está grávida, essa criança já está bombeando sangue.
Hoje, a ciência chega à conclusão de que o nenê pode reconhecer a voz da mãe que está praticamente atada a essa vida que leva dentro do ventre. E quando essa mãe quebra as leis não escritas do instinto, abortando o nenê, imprime em sua própria vida marcas que a perturbarão por muitos anos.
Os que apoiam a idéia de que a mãe tem o direito de escolher se vai ter ou não a criança, vão longe negando o fato de que a realidade é que não se está tirando a vida de um ser humano. Eles preferem pensar no aborto como a interrupção da gravidez. Como seria se disséssemos que o motoqueiro do parque interrompeu a vida de nove garotas ingênuas? Foi interrupção ou foi assassinato?
A grande discusão das pessoas que defendem o aborto é sobre o momento no qual exatamente começa a vida. É obvio que a curta viagem através do canal do nascimento, não torna um feto despersonalizado, num ser humano. A posição mais natural e lógica, é que a vida começa na concepção. Deste momento em diante, até o estado adulto, há um processo de crescimento constante.
Perguntemo-nos agora como cristãos, se antes de nascer, os nenês não são seres humanos viventes, onde estava Jesus durante a gravidez de Maria? Deixou de existir durante nove meses? A Bíblia diz que a virgem Maria “tinha concebido do Espírito Santo”. Vê? O Deus eterno tinha se tornado um nenê vivo e real dentro do ventre de Maria.
Em vários lugares da Bíblia se menciona os nenês que ainda não nasceram, como pessoas. Vemos isto quando Isabel, a tia de Jesus saudou Maria:
“Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então Isabel ficou possuída do Espírito Santo”. (Lucas 1:41)
De acordo com a Bíblia, o que Isabel tinha no seu ventre era um nenê. Não era uma massa de tecido fetal em desenvolvimento, mas um nenê brincalhão.
Pois bem, à luz das evidências bíblicas e biológicas, pode alguém negar a idéia de que o aborto acaba com uma vida humana? E que direito tem o ser humano para deter as batidas desses pequenos coraçãozinhos?
Para muitos ateus e agnósticos, um nenê que ainda não nasceu não passa de tecido fetal que se mexe no ventre, como símbolo do processo evolutivo. Na realidade, eles dão aos nenês que ainda não nasceram o valor moral de um tumor. “Desfaça-se dele na forma que achar conveniente”. Que tristeza!
Outro dia, vi um grupo de feministas americanas com um cartaz que dizia: “Tire as mãos de meu corpo. Dêem-me o direito de decidir”. Bom se aqueles nenenzinhos são seres vivos, não devíamos nós também tirar as mãos dos corpinhos deles?
Acho que depois de tudo isso, você e eu, meu amigo, devemos pensar com mais carinho quando se trata de defender a vida. Mas, e quanto aos que defendem a idéia de que a mulher tem o direito de decidir se vai ou não ter a criança? Tem a mulher direito de escolher? Com toda certeza, desde o momento em que a mulher tome essa decisão ou faça essa escolha no momento da relação sexual. Se a mãe teve participação voluntária numa relação sexual que resultou em gravidez, não exerceu sua liberdade de escolher e decidir?
Não existe algo assim como liberdade de decisão sem limites. A liberdade pessoal não pode violar os direitos de outra pessoa. Em outras palavras, você tem a liberdade de mexer o braço, mas essa liberdade termina onde começa o meu nariz. E o direito da mulher sobre seu corpo acaba onde começa o corpo do nenê. O fato de que esse nenê que ainda não nasceu, não possa defender-se, não quer dizer que não tenha direitos.
Mas e quanto a gravidez que é fruto de um estupro? Tais casos merecem consideração especial, desde o momento que a mãe nunca teve a oportunidade de exercer sua liberdade de escolha. Por que deveria ela ver-se na obrigação de afrontar as conseqüências do crime de outra pessoa? Este é o motivo pelo qual muitos que se opõem ao aborto, aceitam a possibilidade dele em casos de gravidez por estupro. Sendo que a mulher engravidou sem que fosse sua decisão, não deveria ela ter o direito de defender-se contra tal invasão? Por que deveria colher o que não plantou? Mas por outro lado, não é a vida um patrimônio divino? E logo que o estupro é um ato de violência e justo da natureza pecaminosa do ser humano. Claro que semelhante ato foi inspirado pelo diabo que se utilizou das depravações e deformações do caráter do homem. Mas se a vida já está formada, e toda a vida pertence a Deus, que direito tem o ser humano de por um ponto final a essa vida? Não se deveria levar adiante essa gravidez e se depois a mãe não tiver estrutura psicológica para conviver com essa criança, não poderia ela ser entregue em adoção para uma família que pudesse lhes oferecer todo o amor do mundo?
Mas, o aspecto polêmico deste tema não termina por aqui. O que fazer, por exemplo, quando a vida da mãe corre perigo? Estes casos são relativamente raros, mas às vezes os médicos têm que encarar o terrível dilema de decidir se deve viver a mãe ou a criança. Na maioria das vezes decide-se por salvar a vida da mãe.
Você percebe que este é um assunto muito delicado e controvertido. Pode, por exemplo, apresentar-se a declaração contundente de que a vida é tão sagrada, que nenhum ser humano tem o direito de escolher o aborto sob nenhuma circunstância. Tomar uma posição não é fácil, eu sei. Mas enquanto deliberarmos o que fazer em casos de estupro, deformações genéticas ou risco de vida da mãe, podemos sim tomar uma posição com relação à grande maioria de abortos nos quais uma mãe saudável, se desfaz de um nenê saudável que está vivo, por decisão dela própria.
Se estes tipos de aborto parassem, acabariam 95 porcento dos abortos. Tendo conseguido isso, poderíamos seguir vendo as implicações éticas do aborto em outras circunstâncias.
Não é fácil tratar um assunto deste. Como pastor, sei das angústias de uma mulher que está considerando a possibilidade de um aborto. Elas precisam de compaixão e não de condenação, não importando o que decidirem fazer. E se tomam a valente decisão de preservar a vida que está dentro delas, o sofrimento não acabou, está apenas começando. Elas precisam de ajuda para trazer esses filhos ao mundo e tentar juntar os cacos de sua própria história.
A igreja tem a solene responsabilidade de apoiar estas mulheres que sofrem.
Se neste momento está me ouvindo uma mulher que está lutando no vale da decisão, por favor, compreenda que Deus a ama apesar de seus erros. Ele tem um plano especial para a sua vida e para a vida desse nenê que está dentro de você. Levante a cabeça, acredite e Deus não a desapontará.
Talvez você se sinta culpada pelos abortos que já teve. Então, confesse seus pecados a Jesus e peça perdão. Na realidade, todos somos culpados de muitos erros e merecemos a morte. A Bíblia diz que todos nós nos desviamos como ovelhas, cada um foi por seu próprio caminho. Mas graças a Deus, Ele colocou sobre Jesus crucificado o pecado de todos nós. Sim, minha amiga, Jesus pagou o preço completo de nossa salvação. Neste momento você pode estar limpa diante de Deus, como se nunca tivesse pecado. É só abrir o coração a Deus, aí onde você está. Quer fazê-lo?
ORAÇÃO
Oh Pai querido! O tema desta palestra é um tema que nos faz pensar. Por que na vida de muitas mulheres e muitos homens que conseqüentemente participaram da decisão dessas mulheres, há histórias manchadas de sangue? Foram vidas acabadas e o peso da culpa, às vezes, perturba por muitos anos. Pai, neste momento existem pessoas que precisam de perdão, que Tua mão poderosa toque estas vidas.
Se alguém precisa de uma nova oportunidade, dá-lhe esta oportunidade. Não permita que ninguém, que esteja lendo esta palestra, fique com o coração triste, desesperado, sem esperança.
Suplicamos tudo isto em nome e pelos méritos de Jesus. Amém.
Por Pr.Alejandro Bullon