As glórias do Éden, e sobre tudo em que pudesse repousar os olhos, testificava do amor e do infinito poder de seu Pai.

O desprendimento foi a primeira lição moral dada a Adão. O governo de tudo foi-lhe colocado nas mãos. Julgamento, razão e consciência estavam sob seu domínio. “Tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gên. 2:15-17.

Adão e Eva tinham permissão de participar de todas as árvores do jardim, salvo uma. Havia uma única e simples proibição. A árvore proibida era tão atrativa e desejável como qualquer outra do jardim. Era chamada árvore do conhecimento porque participando dessa árvore, da qual Deus disse, “dela não comerás”, eles teriam o conhecimento do pecado, experimentariam a desobediência.

Eva saiu de perto do esposo, para contemplar as coisas maravilhosas da natureza, deleitando-se nos seus cenários coloridos e na fragrância das flores, admirando a beleza das árvores e arbustos. Pôs-se a pensar na restrição que Deus lhes tinha imposto no tocante à árvore da ciência do bem e do mal. Ficou deslumbrada com a beleza e abundância que o Senhor providenciara para a

Satisfação de cada desejo. Tudo isto, disse ela, Deus nos deu para nossa satisfação. Tudo é nosso; porque Deus tinha dito: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás.” Gên. 2:16 e 17.

Eva passeava perto da árvore proibida, e foi despertando a curiosidade para descobrir como a morte poderia ocultar-se no fruto dessa agradável árvore. Ficou surpresa ao ouvir que suas interrogações foram apanhadas e repetidas por uma estranha voz. “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” Gên. 3:1. Eva não percebeu que tinha revelado seus pensamentos conversando audivelmente consigo mesma; deste modo, ficou grandemente atônita ao ouvir que suas inquietações eram respondidas pela serpente. Realmente pensou que a serpente lhe conhecia os pensamentos e que deveria ser muito sábia.

Respondeu-lhe: “Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas, do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gên. 3:2-5.

Aqui o pai da mentira fez sua afirmação em direta contradição à expressa palavra de Deus. Satanás assegurou a Eva que ela fora criada imortal, e que para ela não havia possibilidade de morrer. Disse-lhe que Deus sabia que se ela e seu

esposo comessem da árvore do conhecimento, sua compreensão seria iluminada, expandida, enaltecida, tornando-se iguais a Ele mesmo. E a serpente respondeu a Eva que a ordem de Deus, proibindo-os de comer da árvore do conhecimento, foi dada para conservá-los num tal estado de subordinação que lhes vedasse o conhecimento, o qual era poder. Assegurou-lhe que o fruto desta árvore era desejável acima de todas as do jardim, para fazê-los sábios e exaltá-los à igualdade com Deus. Ele vos recusou, disse a serpente, o fruto desta árvore, a qual dentre todas as árvores, é a mais desejável pelo delicioso sabor e estimulante influência.

Eva pensou que o discurso da serpente fosse muito sábio, e que a proibição de Deus fosse injusta. Olhava com ardente desejo para a árvore carregada de frutos que pareciam muito deliciosos. A serpente estava comendo-os com evidente deleite. Eva agora desejava este fruto mais do que todas as variedades que Deus lhe pusera ao alcance, com pleno direito de uso.

Eva exagerou as palavras da ordem de Deus. Ele disse a Adão e Eva: “Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gên. 2:17. Na discussão de Eva com a serpente, ela acrescentou: “Nem nele tocareis.” Gên. 3:3. Aqui apareceu a sutileza da serpente. Esta citação de Eva deu-lhe vantagem; colheu o fruto e o colocou nas mãos de Eva, usando suas próprias palavras. “Deus disse que morrerias se tocasses no fruto. Vê, nenhum

mal te sucedeu ao tocares nele; tampouco receberás dano algum ao comê-lo.”

Eva cedeu ao manhoso engano do diabo em forma de serpente. Ao comer o fruto não se apercebeu imediatamente de nenhum mal. Então ela mesma apanhou o fruto para si e para o esposo. “Vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.” Gên. 3:6.

Adão e Eva deveriam estar plenamente satisfeitos com o conhecimento que receberam de Deus por intermédio de Sua obra criada e das instruções dos santos anjos. Todavia, sua curiosidade foi despertada para ficar a par daquilo que Deus designou que não deveriam conhecer. A ignorância do pecado era para sua própria felicidade.

O elevado grau de conhecimento que eles pensavam que obteriam comendo do fruto proibido lançou-os na degradação do pecado e da culpa.