O dia esperado, enfim, chega. Ambos deixam tudo de lado – estudos, trabalho, televisão – e dedicam todo o tempo para andar de mãos dadas, num diálogo animado e romântico.

Era mais ou menos isso o que Deus tinha em mente ao criar o dia mais especial da semana: o sábado. É verdade que cada dia devemos separar tempo para passar com Ele, mas existe um dia especial reservado desde a Criação para o companheirismo com Jesus. É um dia diferente, porque Jesus faz a diferença. Nossa comunhão com Ele é tão bonita, tão cheia de significado, que as demais atividades ficam para outros dias.

O dia realmente importa?

Mas será que realmente importa o dia que eu reservo para Deus? Bem, quanto a isso o Senhor foi o primeiro a dar-nos o exemplo: “No sétimo dia Deus acabou de fazer todas as coisas e descansou de todo o trabalho que havia feito. Então abençoou o sétimo dia e o separou como um dia sagrado, pois nesse dia Ele acabou de fazer todas as coisas e descansou” (Gênesis 2:2 e 3 BLH). Aqui encontramos pelo menos três razões para guardar o sábado: Deus abençoou, santificou e “descansou” no sétimo dia.

Em Êxodo 20:8-11, o sábado aparece como o quarto mandamento da lei de Deus: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho…” O simples fato de ser um mandamento divino já devia fazer-nos considerá-lo de forma mais séria. Ainda assim, Deus nos diz que devemos santificar o sétimo dia para que sirva de “sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus que vos santifica” (Ezequiel 20:20).

Só para os judeus?

Talvez alguns digam, numa tentativa de silenciar a consciência: “O sábado foi criado só para o povo judeu. E Cristo, no Novo Testamento, o aboliu.” O que será que a Bíblia diz sobre isso? Vejamos:

“Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos, porque este é dever de todo homem” (Eclesiastes 12:13). Lembre-se que quando Deus criou o sábado não havia nenhum povo sobre a Terra, somente Adão e Eva.

“E aos filhos dos estrangeiros que se chegarem ao Senhor, para O servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos Seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando…” (Isaías 56:6).

“Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas” – disse Jesus. – “Não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei…” (Mateus 5:17 e 18).

Cristo não poderia ter abolido a lei e o sábado, pois Ele mesmo guardava o sétimo dia (ver Lucas 4:16 e João 15:10). O livro de Malaquias (3:6) diz que Deus não muda. Por que Ele teria instituído um mandamento para depois aboli-lo? Note ainda que a Maria, a mãe de Jesus, e os apóstolos também guardavam o sábado (ver Lucas 23:55 e 56; Atos 13:14, 42 e 44; 16:13; 17:2 e 18:4).

Ao profetizar a destruição de Jerusalém, Cristo disse: “Orem a Deus para que essa fuga não aconteça no inverno ou no sábado” (Mateus 24:20 BLH). No inverno é compreensível, mas por que seria difícil fugir no sábado? Porque nesse dia o povo de Deus estaria adorando ao Criador e não estaria preparado para a fuga. Agora note: Jerusalém foi destruída pelos romanos no ano 70 d.C., quase 40 anos após a ressurreição e ascensão de Cristo. Se Ele fosse efetuar uma mudança no dia de guarda com Sua ressurreição – como justificam alguns –, teria dito: “Orem a Deus para que a fuga de vocês não seja no inverno ou no domingo.” No entanto, décadas no futuro, Jesus viu Seus seguidores ainda honrando o sétimo dia “conforme o mandamento” (Lucas 23:56). E não é só isso. A Bíblia diz que na Nova Terra, no Paraíso restaurado, continuaremos a guardar o sábado! (Ver Isaías 66:22 e 23.)

Assim, por mais que alguns desejem encontrar ao menos um versículo bíblico que ordene a guarda do domingo, isso não existe, pois é um dogma criado por homens e faz parte da tradição, não da Bíblia. A Palavra de Deus diz que em vão adoram a Deus aqueles que ensinam doutrinas que são “preceitos de homens” (Mateus 15:9 e Atos 5:29).

Como guardar o sábado?

A Bíblia uma vez mais responde: “Se te abstiveres de violar o sábado, de cuidar dos teus negócios, chamando ao sábado ‘deleitoso’ e ‘venerável’ ao dia santo de Iahweh, se o honrares, abstendo-te de viagens, de correres atrás dos teus negócios, de fazeres planos, então de deleitarás em Iahweh…” (Isaías 58:13 e 14 BJ). “É, por conseguinte, lícito fazer bem aos sábados” (Mateus 12:12). É isso mesmo. Devemos nos abster de qualquer atividade secular (trabalho, estudos, leitura, TV) e nos dedicar ao serviço do Mestre, ajudando as pessoas, indo à Igreja… enfim, tomando tempo para “namorar” Jesus.

O sábado é um dia para comunhão especial com Deus. Dia em que lembramos que Ele criou “os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há”. Por isso mesmo o sábado (e não outro dia qualquer) se constitui no memorial comemorativo da Criação. O dia especial do criacionismo.

Outro detalhe importante: a observância do sétimo dia deve ser feita do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. Como assim? Essa é a contagem bíblica da passagem dos dias. No livro de Neemias (13:19 BLH), lemos: “Portanto, ordenei que os portões da cidade fossem fechados antes que começasse cada sábado, logo que fosse ficando escuro, e que não fossem abertos de novo até que o sábado terminasse… para que nenhuma carga fosse levada para dentro da cidade no sábado.” Logo que for ficando escuro, na sexta-feira, já estará iniciando um novo sábado. Em Levítico 23:32 lemos: “Sábado de descanso vos será… duma tarde a outra tarde celebrareis o vosso sábado.”

Mas, lembre-se: a obediência aos mandamentos de Deus deve ser baseada num relacionamento de amor. Cristo disse: “Se vocês Me amam, obedeçam aos Meus mandamentos” (João 14:15 BLH). E João nos diz que “amar a Deus é obedecer aos Seus mandamentos. E os Seus mandamentos não são difíceis de obedecer” (1 João 4:3). Quem tenta guardar os mandamentos sem o amor a Deus, cedo ou tarde deixará de fazê-lo. Mas, para quem ama a Deus de verdade, será impossível não obedecer-Lhe.

Michelson Borges