Essa afirmação foi feita pelo cardeal de Westminster e presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales, o arcebispo Vincent Nichols, em um documento divulgado pela Santa Sé por causa da viagem de Bento XVI, de amanhã até o dia 19 a este país, um ano depois de o Vaticano abrir as portas a todos os anglicanos que queiram voltar a Roma.


“As relações entre a Comunhão Anglicana e a Igreja Católica são muito delicadas neste momento e penso que a visita de Bento XVI a Lambeth Palace (residência do arcebispo de Canterbury) será muito importante e proveitosa, e ajudará muito em nossas relações ecumênicas“, afirmou.


Essa delicada situação vem desde o ano passado, quando o Vaticano, após o cisma de 1534 causado pelo rei Enrique VIII, aprovou a Constituição Apostólica (norma de máxima categoria) “Anglicanorum coetibus” para acolher os fiéis tradicionalistas anglicanos contrários às medidas aberturistas demais da Comunhão Anglicana, como a ordenação de mulheres e de homossexuais como bispos.


A “Anglicanorum coetibus” contempla, entre outras, a ordenação de clérigos anglicanos já casados como sacerdotes católicos e a concessão aos grupos anglicanos que voltem a Roma de prelaturas pessoais, similares aos Ordinariatos Militares (bispos ou prelados com competências não territoriais), que lhes permitirão entrar em plena comunhão conservando sua tradição.


Segundo o cardeal William Joseph Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, aproximadamente 50 bispos anglicanos e 100 paróquias já mostraram seu desejo de voltar à Igreja Católica Apostólica Romana, que abandonaram em 1534 quando Enrique VIII não conseguiu do papa Clemente VII a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão e criou a Igreja da Inglaterra, da qual se proclamou chefe.


Embora o primaz anglicano Rowan Williams e o cardeal Nichols tenham publicado um comunicado conjunto no qual ressaltaram que com essa medida se punha fim a um período de incerteza para esses anglicanos que quiseram abraçar a fé católica, a decisão do papa foi duramente criticada por grande parte dos anglicanos.


O próprio Williams, em novembro de 2009, quando visitou o papa no Vaticano, lhe expressou as “preocupações” geradas.
O Vaticano apressou-se a dizer que a nova norma não prejudicará as relações entre as duas igrejas, e o papa assegurou a Williams que quer que prossigam os colóquios (ecumenismo) entre católicos e anglicanos.


Nessa mesma linha, o cardeal Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, assegurou que o Vaticano segue comprometido com o ecumenismo na linha marcada pelo Concílio Vaticano II.


O atual presidente desse dicastério, o arcebispo Kurt Koch, está convencido de que a visita “consolidará” as relações com os anglicanos.


O papa Bento XVI pediu aos bispos católicos britânicos que sejam “generosos” com as comunidades anglicanas que desejem voltar, convencido de que esses grupos “serão uma bênção para toda a Igreja”. EFE

Mas uma profecia bíblica se cumprindo nos últimos tempos: o Ecumenismo.