Esta é a história da grande provação de Abraão. Ao longo da jornada, desde a terra de seus pais, até a terra que Deus lhe mostrou, o Senhor foi preparando a Abraão para o grande momento. O processo educativo de Abraão envolveu escorregões, momentos dramáticos, tristes, momentos em que ele sentiu que nunca conseguiria alcançar o ideal e Deus!
Meu amigo, na Bíblia achamos histórias maravilhosas de homens como Enoque, em cuja vida não há registro de quedas, e que finalmente, foi trasladado vivo para os Céus. Mas enquanto carregarmos a natureza pecaminosa que trazemos conosco desde o dia em que nascemos muitas vezes seremos tentados, enganados e cairemos. Agora, o erro não deveria servir para desanimar-nos, afundar-nos, ou criar em nós o complexo de derrota e de conformismo. Erros não são para serem explicados, mas para serem aceitos, reconhecidos, assimilados e colocados em nossa experiência como parte do processo educativo. Não tenha medo de errar, mas tenha pavor de permanecer no mesmo erro. Não tenha medo de escorregar, mas tenha pavor de continuar escorregando sempre no mesmo ponto.
Abraão teve erros, quedas, momentos de solidão e desespero, mas agarrou-se ao Pai, andou com Deus e aos noventa e nove anos Deus Se apresentou e lhe disse: “…anda na minha presença, e sê perfeito.” (Gênesis 17:1)
Deus lhe entregou o segredo de uma vida vitoriosa: “Anda comigo e sê perfeito.” Deus o estava preparando para o grande momento da provação. Anos depois, Deus Se apresenta e diz: “…Toma teu filho, teu único filho… vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto…” (Gênesis 22:2)
O texto de hoje nos traz três grandes lições. A primeira delas é o compromisso do Pai e do Filho no processo da salvação. Geralmente quando pensamos na salvação, pensamos que o Pai é intransigente, castigador e implacável, e o Filho é perdoador, intercessor e bonzinho. O Pai, pensamos, é o justiceiro que tem uma lei e pune o desobediente. O Filho é aquele que ama, que veio morrer em lugar do homem e apresenta o Seu sacrifício diante do Pai. Esta é a idéia errada que muitas vezes temos: Jesus é o bom e, o Pai, é o Deus zangado esperando que o ser humano pague pelo erro que cometeu. Mas a primeira lição do texto que acabo de ler é o compromisso do Pai e do Filho, juntos, no processo da salvação. Pergunto, quem sofreu mais, na montanha do Calvário, o Filho que estava morrendo ou o Pai que não podia fazer nada para poupar o sofrimento do Filho?
Nunca vou esquecer a cena dolorosa de um pai abraçando o cadáver de seu filho, morto num trágico acidente. O pai dizia: “Oh, filho, por que teve que ser você? Ah, se eu pudesse dar minha vida em substituição à sua. Eu já vivi tudo que tinha direito, você só tem vinte anos. Ah, filho, por que Deus não aceita que eu morra em seu lugar?” Você tem um filho? Daria a vida por ele? Imagine seu filho se afogando no mar e você incapaz de fazer alguma coisa para salvá-lo. Conheço histórias de pais que morreram afogados para salvar seus filhos. De pais que morreram atropelados depois de empurrarem seu filhos para salvá-los da morte. O filho salvou-se e o pai morreu. Mas na montanha do Calvário, havia um pacto de amor e em nossa mente, pensamos às vezes, inconscientemente, que a pessoa da divindade que mais nos amou foi o Filho que veio e deu Sua vida por nós. Mas hoje quero convidá-lo a pensar um pouco no Pai que no pacto eterno do processo de salvação assumiu o papel mais doloroso: ver o Filho morrendo e não poder fazer nada.
Na grande provação de Abraão, Deus estava preparando o profeta para ser o Pai da Fé, a inspiração para os cristãos de todos os tempos. Abraão precisava viver o momento doloroso que o Pai viveu no Calvário. Por isso Deus lhe disse: “…Toma teu filho, teu único filho… vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto…” (Gênesis 22:2)
Imagine Abraão na manhã seguinte arrumando a lenha, despertando o filho para iniciar a jornada, chamando os servos para acompanhá-lo. Imagine três dias de caminhada subindo o monte, sem poder falar nada para o filho. Imagine-o vendo o filho na flor da vida, caminhando rumo a morte. Imagine-o chegando ao topo da montanha. O filho pergunta: “Pai… eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro…?” (Gênesis 22:7)
Imagine Abraão ter que dizer: “Filho, você é o sacrifício.” Naquele momento, Abraão estava simbolizando o Pai e Isaque simbolizava o Filho, que voluntariamente se colocou sobre o altar.
“Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca.” (Isaías 53:7)
Pergunto novamente: quem sofria mais? O Filho ou o Pai? O preço que o Pai teve que pagar para salvar o homem foi muito grande. É por isso que hoje, Pai, Filho e Espírito Santo, sofrem. Eles têm a capacidade de ver a história da sua vida, seus fracassos, suas derrotas, suas promessas não cumpridas. Sabe por que Jesus morreu na cruz do Calvário? Não foi a lança que furou Seu peito, nem o sangue que caiu de Sua fronte; foi o sofrimento. Seu coração não suportou. Explodiu de dor, sabe por quê? Porque lá da cruz Jesus já olhava para nós e perguntava: “Filho, estou fazendo tudo para salvá-lo e você está se perdendo. Diga-me que mais você quer que Eu faça? Estou dando o máximo que posso dar, neste momento carrego em Mim todos os pecados da humanidade e, de repente, vejo uma cortina entre meu Pai e Eu. Não consigo enxergá-Lo e apesar disso tudo você está se perdendo. Diga-me, que mais quer que Eu faça?”
Agora imagine o Pai, vendo Seu Filho amarrado pela humanidade, cercado de sombras, clamando: “…Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mateus 27:46)
Em outras palavras ele está dizendo: “Pai, meu Pai, por que estás me abandonando?” Imagine o Pai olhando para o Filho e dizendo: “Filho, Eu não Te abandonei, estou comprometido com você na salvação do ser humano, Eu estou aqui. O problema é que neste momento a Sua humanidade O impede de enxergar.” Ah, querido, imagine a divindade, Pai e Filho, divididos por uma cortina de sofrimento, dor e pecado, imagine o preço que custou nossa salvação, imagine quanto somos importantes para Deus.
É por isso que você não tem o direito de sentir que não vale nada. A consciência pode dizer que você não vale nada, porque está vivendo uma vida completamente distante de Deus, mas se você não valesse nada, a Divindade não teria vivido aquele momento terrível de separação entre Pai e Filho, Ambos comprometidos num pacto maravilhoso de amor pelo homem, ambos vivendo o momento mais dramático do Universo. Ah, se você não valesse nada, teria acontecido isso? Nunca! Aí está escrita a história de amor de Deus pela humanidade. E se Abraão tinha que ser o Pai da Fé, teria que viver a experiência do Monte Moriá. Por isso Deus lhe disse: “…Toma teu filho, teu único filho… vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto…” (Gênesis 22:2).
O segundo pensamento da mensagem de hoje é o seguinte: Abraão era o Pai da Fé, e fé, envolve obediência. Não existe fé autêntica sem obediência. Uma das coisas que muitos cristãos não estão conseguindo enxergar é isto. Fé e obediência são duas coisas inseparáveis. Fé não é somente louvor. Ela envolve também obediência absoluta e completa. Mesmo que, o que Deus pedir, seja aparentemente incompreensível.
O mundo cristão divide-se em dois grandes grupos. Mas há um terceiro grupo, para onde Deus está querendo levar Seus filhos. Há muitos cristãos que acham que têm que obedecer para salvar-se. Estes obedecem pensando que a salvação será o diploma que Deus vai lhes dar porque obedeceram. Muitos cristãos sinceros e honestos, com a Bíblia aberta, acreditam que têm que obedecer para poder ser salvos. Ah, queridos, eu lamento muito dizer que isso é uma heresia. A Bíblia não ensina que você tem que obedecer para salvar-se. Mas o inimigo, está levando muitos cristãos sinceros a pensarem que tem que obedecer para se salvar.
Agora, quando o inimigo não pode manter os cristãos neste lado, os leva para o outro extremo que é o seguinte: “Eu me salvo unicamente pela fé.” E isso está correto. Isso é bíblico. Eu me salvo somente pela graça de Cristo, isso é bíblico, é isso que os escritores bíblicos ensinam. Mas não é completo. É bíblico, mas não é completo. Sou salvo pela fé, correto? Então agora não preciso mais obedecer? Não preciso cumprir mandamentos nem guardar a Lei de Deus?
Meu amigo, fé envolve obediência. Obediência a quê? À vontade de Deus. Expressa onde? Em Sua Palavra eterna. Veja o que diz Isaías 40:8: “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.”
Fé envolve obediência à Sua Palavra. A fé não me autoriza a criar um tipo de vida cristã que se acomode à minha maneira de pensar. A fé, pelo contrário, me constrange a submeter minha vontade à vontade maior de Deus expressa em Sua Palavra. O inimigo fará de tudo para levar os cristãos a este lado: tenho que obedecer para me salvar ou então ao outro lado: Sou salvo pela fé em Cristo e não preciso obedecer.
Mas Jesus está querendo levar Seu povo a um terceiro lugar: Sou salvo pela fé em Cristo unicamente, a minha obediência não vale nada para salvação. A salvação é unicamente pela fé em Cristo, mas agora que estou salvo me deleitarei em fazer a vontade de meu Deus registrada na Sua Palavra: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” (João 14:15)
Percebe o que este verso diz? “Se me amais, guardareis os meus mandamentos, agora, se não me amais, então não quero nada de você.” Há muita gente desesperada em obedecer, em guardar, em cumprir, mas não tem uma experiência de amor com Cristo. Jesus não quer isso! Existem outras pessoas que estão preocupadas em amar, amar, amar, mas não querem obedecer a Deus. Jesus também não quer isso. Fé envolve obediência. O amor leva à obediência. Sabe por quê? Porque aquele que ama, o que mais quer é ver a pessoa amada feliz.
Pergunto: você tem certeza que ama a Jesus? Já entregou seu coração a Ele? Tem certeza que já entendeu o que aconteceu na montanha do Calvário quando o Pai e o Filho se comprometeram para salvar o homem? Você tem segurança dos seus sentimentos para com Deus? Está disposto a renunciar qualquer coisa por amor a esse Deus que você diz amar? “…Toma teu filho, teu único filho… vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holoucausto.” (Gênesis 22:2)
Se Deus dissesse isso a você, você o faria? A sua fé o leva a esse tipo de obediência? Se sua fé não é capaz de obedecer em coisas simples, como então seria capaz de sacrificar seu filho, seu único filho?
O terceiro pensamento da mensagem de hoje, nos leva ao topo da montanha de Moriá. Lá estava o altar. Lá estava Abraão e a faca na mão. Até aquele momento, Abraão, o Pai da Fé, carregava em seu coração a esperança de que Deus lhe diria: “Abraão, pára!” Aliás, desde que saíra de casa, Abraão orava e orava em seu coração e dizia: “Senhor, eu sei que Tu me pediste isto, mas por favor, ajuda-me, mostra-me outro caminho, peça para que eu faça outra coisa, mas por favor, não me peças isto.” Passou um dia, nada! Passaram dois dias, nada! Ao terceiro dia avistou a montanha. Deixou os servos no caminho. Pegou o filho e a lenha e continuaram a caminhada. A todo momento Abraão ainda tinha esperança de que Deus intervisse. Mas chegaram à montanha e nada! Abriu o coração ao filho, e nada! Colocou o filho sobre o altar e nada! Levantou a mão e nada!
Ah, querido, esse é o caminho do cristão. Quando Abraão pensou que chegara o momento fatal, quando já não via esperanças humanas, quando todas as suas esperanças estavam esgotadas, sua fé iria até o fim, até a obediência final, até a morte do seu único filho. Mas, quando sua mão estava para cair, o Anjo do Senhor bradou: “Abraão, pára! Eu queria saber até onde ia chegar a tua fé.” Abraão tinha andado durante três dias e nada de salvamento! Foi no momento fatal, no segundo final que o milagre aconteceu. Assim é a vida do cristão.
Quem sabe, você é alguém que está orando há muito tempo por um milagre. Espere um pouco. No segundo fatal, quando você achar que sua empresa faliu, quando você achar que já não tem mais nada a fazer, que chegou a morte, que está tudo perdido, que não há mais esperanças, quando, como ser humano, você olhar para todos os lados e não vir saída, aí a voz de Deus aparecerá e dirá: “Filho, até aqui. Eu queria saber até onde você chegaria.”
De repente, Abraão olhou para todos os lados e lá, no meio do mato, estava um cordeiro. O Cordeiro sempre foi a saída para o problema humano. O Cordeiro sempre foi a resposta quando tudo está perdido. Quando não há esperança, quando não há saída, quando não há luz, quando prometemos, prometemos e não conseguimos. Quando tudo que merecemos é a morte, então sempre aparece o Cordeiro.
Ah, querido, para entender quanto vale o Cordeiro, às vezes temos que chegar ao momento fatal da vida. Por que quando há saúde, para quê Jesus? Quando há um bom saldo bancário, para quê Jesus? Quando há um bom emprego, para quê Jesus? Quando a família está toda unida, para quê Jesus? Quando há sol, quando há chuva no tempo oportuno, para quê Jesus? Mas quando chega o momento extremo da vida, quando não temos para onde ir, então sim, quase sempre nos lembramos de Deus como último recurso.
Quando eu era jovem, tinha um professor universitário que era ateu. Não cria em Deus. Ridicularizava nossa família, ria de nós, da nossa fé, da nossa “ingenuidade” de crer nesses negócios antigüíssimos da Bíblia. Ele era um homem que estava por cima de toda a “ingenuidade” dos crentes. Orgulhoso e soberbo. Professor universitário e ateu. Não crer em Deus era “status” para ele. Mas, em 1970, um terremoto, matou duzentas mil pessoas em meu país. No dia do início da Copa do Mundo, realizada no México, um domingo à tarde, a terra tremeu e duzentas mil pessoas morreram. Eu estava em casa, nesse domingo e quando a terra tremeu, corri para fora e a quem encontro no meio da rua, ajoelhado, clamando pela misericórdia divina? O professor ateu. Claro! Quando a terra treme, quando a terra se abre e começa a engolir as pessoas, quando os prédios balançam e as forças da natureza se manifestam, de que vale o ateísmo?
Para que serve a incredulidade? Aonde vai o racionalismo? É muito fácil ser ateu quando tudo vai bem. É muito fácil não crer em Deus quando se tem um céu estrelado e azul. Mas espera a terra tremer e o momento fatal da vida chegar! Espera ter um câncer e a ciência médica dizer que não há mais remédio pra você. Espera passar noites e noites gritando de dor para ver quanto vale o ateísmo. Aí estará o Cordeiro sempre como último recurso. Quando tudo está perdido, quando não há mais esperança, aí estará Jesus, Ele é a saída, Ele estará sempre mostrando o caminho. Na vida espiritual também é assim. Você, às vezes, tem que chegar ao fundo do poço para lembrar que precisa de Jesus, tem que chegar ao fundo da miséria, da impotência, da desgraça para lembrar que precisa de Jesus. Estou falando para um casal, cujo casamento está aos pedaços, não vê saída? Para um filho que sente-se amarrado à promiscuidade, droga, cigarro, sexo, álcool, homossexualismo e não vê uma saída? Tem vergonha de louvar o nome de Deus porque seu coração está manchado pelo pecado? Não tem esperança? Olhe para Jesus. Ele sempre É a saída. Ele É a liberdade, É a vida plena.
Abra seu coração a Jesus neste momento.
ORAÇÃO
Pai querido, obrigado porque no Calvário esteve a expressão plena de Teu amor por nós. Em nome de Jesus, Amém.