Pr. Bullón: – Eu vou responder a sua pergunta lendo um texto bíblico. O texto encontra-se no livro de Isaías 1:18 e é um convite ao ser humano: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.” (Isaías 1:18) Esta é uma promessa de perdão. Não importa o que você tenha feito no passado, no momento em que você vai a Deus tudo é perdoado, completamente perdoado! Para confirmar isto, temos uma declaração do próprio Jesus Cristo. Mateus 12:31: “Por isso, vos declaro: todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens…” (Mateus 12:31) Todo é todo! Não há outra palavra para explicar mais do que todo. Eu não preciso dizer que dentro do todo está incluído adultério, fornicação, assassinato, assalto a mão armada, tráfeco de drogas, prostituição, homossexualismo, feitiçarias, todos os tipos de pecado podem ser perdoados. Então você não precisa viver atormentado pelo sentimento de culpa, basta apenas ir a Jesus e aceitar a oferta de Seu perdão.
Pr. Costa Jr.: – Parece incrível que somente ir a Jesus e aceitar a oferta maravilhosa do perdão seja o que Deus requer. É só isso mesmo? Ou tem mais alguma coisa que nós como seres humanos precisamos fazer?
Pr. Bullón: – Na realidade o problema é que tivemos uma educação em que se aprendeu a pagar por tudo. Se alguma coisa custa barato a gente se pergunta muitas vezes: Por que está barato? Qual é o problema?
Vamos dizer que você vai numa loja e encontra um sapato, vamos dizer, da marca “Carmelo”, por 3 reais. Você fica olhando o sapato; olha de um lado, olha do outro. Alguma coisa tem que estar errada. Um sapato dessa marca não pode custar 3 reais, impossível! O que esse sapato tem de errado? E você tenta descobrir o problema. Vivemos numa cultura na qual nós pagamos pelas coisas que valem, e, se algo é de graça não vale muito. Portanto, podemos concluir que o ser humano é acostumado a pagar por tudo.
Quando se trata do perdão, ele também quer pagar. Só que a Bíblia é categórica ao dizer que somos salvos unicamente pela graça de Cristo. Temos mais um verso que confirma isso. Vejamos o que diz no evangelho de I S João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (I S João 1:9) Confessar, na realidade, é tudo o que o ser humano precisa fazer.
Pr Costa Jr.: – Mas pastor, por que a gente tem que confessar? Você pode dizer: – “Eu tenho minha culpa, eu cometi coisas que não deveria cometer, eu fiz coisas erradas no passado. Mas por que eu tenho que confessar? Não dá para eu apenas fazer uma oração, pedir perdão a Deus e o assunto ficar liquidado? Por que tenho que confessar?”
Pr. Bullón: – Bom, quando digo confessar, quero dizer confessar a Deus, não a um ser humano. Veja só, vou entrar num assunto muito delicado. Na Bíblia, a Palavra de Deus, não existe um verso dizendo que você precisa confessar seus pecados a um ser humano, a um pastor, a um lider espiritual, para que ele confesse por você seus pecados a Deus, e interceda por você. Não, não, não! A Bíblia é clara ao dizer que os pecados precisam ser confessados unicamente a Deus. Mas por que temos que confessar? Porque quando você confessa, você está, em outras palavras, reconhecendo que precisa de perdão.
Vou dar um exemplo: Digamos que você esteja com um câncer terrível e que pela maravilha de Deus, a ciência acaba de descobrir o remédio para qualquer tipo de câncer. Só que você está com câncer, mas não aceita que está. Os médicos lhe dizem que você está com câncer, mas você não aceita. Os exames médicos afirmam que você está com câncer, mas você não aceita. Todo mundo em sua volta sabe, mas você não aceita. Surge um remédio que a ciência descobriu para o câncer, mas, de que serve este remédio pra você, se você não aceita que está com câncer? O remédio tem algum valor pra você? Você tem que reconhecer, e, para que o perdão divino tenha valor, você precisa reconhecer que é um pecador, que precisa ser perdoado. A confissão é o meio através do qual você reconhece que está enfermo com o pior câncer desse mundo: o pecado. Você precisa confessar que precisa do remédio. Então, vai a Jesus, confessa o seu pecado e aceita o remédio maravilhoso que Ele tem para você.
Pr. Costa Jr.: – Nesse processo de restauração previsto na Palavra de Deus, há uma parte sobre arrependimento. Mas arrependimento, às vezes, é uma coisa dolorosa. A pessoa que passa pelo arrependimento, às vezes, passa por humilhação; a pessoa não tem prazer em passar por isso. Arrependimento é necessário para restauração, ou é simplesmente um adendo, se a pessoa quiser? Como é isto?
Pr. Bullón: – Vou explicar um pouco a diferença que existe entre arrependimento e remorso, pois são duas coisas diferentes. Por exemplo: Você está com uma mulher que não é sua esposa, sentado num restaurante, namorando. Você está tranqüilo e de repente passa por sua frente, a irmã de sua esposa e vê você com a mulher traindo a irmã dela. Você vê sua cunhada e fica apavorado. Imediatamente se esconde, abaixa a cabeça, desaparece. Então você começa a torcer: tomara que ela não tenha me visto. Você começa a sofrer em seu coração, porque se a sua cunhada abrir a boca, sua esposa vai lhe pedir o divórcio e você não quer isso. Então você se ajoelha diante de Deus e diz: “Senhor, estou arrependido, por favor me perdoe, eu nunca mais vou trair minha esposa; mas por favor, faça um milagre, pois acredito que minha cunhada me viu, mas por favor cale a sua boca; produza nela uma amnésia para que ela esqueça o que viu, ou então, deixe ela muda, faça qualquer coisa, mas que ela não fale!” Então você faz mil promessas a Deus. Você pensa que está arrependido, mas isso não é arrependimento, é remorso. Sabe qual é o engano deste sentimento? É que você pensa que está arrependido, porque alguém lhe viu. Remorso, na realidade, é medo de ser exposto porque alguém lhe viu, medo de ser descoberto. Então, a maior evidência do remorso é que, quando passa o perigo, você esquece. Como em nossa história, vamos dizer que a cunhada dele não falou. Então, passando o perigo, ele esquece. Esquece as promessas e volta a ser o que era antes.
Agora, arrependimento não, arrependimento é sentir dor pelo que você fez, confessar o pecado e afastar-se da situação errada. Arrependimento, na realidade, não nasce no coração. Ele é um fruto do Espírito Santo. Você vai a Deus levando sua vida como está e Ele inspira em você o arrependimento, o nojo pelo pecado. Você percebe a coisa errada que está fazendo e pede a Deus que te de forças para mudar o rumo de sua vida.
Pr. Costa Jr.: – Vamos supor: no caso do rapaz que estava traindo sua esposa, ele, em um momento, descobre na Palavra de Deus que tem que confessar o pecado. Ele se ajoelha e sinceramente confessa o pecado, mas será que isso é suficiente? Ou essa confissão também envolve pessoas? Se envolve pessoas, quando isso deve acontecer?
Pr. Bullón: - Eu vou contar uma experiência para esclarecer melhor isso: Um dia eu estava fazendo um trabalho numa igreja, pregando todas as noites e, de repente, no final de semana, fui convidado para almoçar com uma linda família. Eles tinham um único filho que era maravilhoso. A esperança dos pais estava depositada nesse filho. O filho devia ter dezoito anos, estava na faculdade. O pai fazendo planos para o filho quando ele se formasse. Fazendo isso e aquilo… Todo amor era concentrado para esse filho. Quando terminou a semana, a esposa me chamou à parte e disse: “Pastor, eu não posso mais, não agüento mais, tenho um peso em meu coração que carrego a dezoito anos, não sei mais o que fazer, por favor me ajude. Esta semana eu vi o senhor pregando e acho que devo confessar ao meu esposo o erro que cometi. Aquele garoto que o senhor viu, não é filho do meu esposo, é filho de outro homem. Foi um erro em minha vida. Nunca mais vi o pai dele, não sei onde está, nem quero saber. Me arrependi, deixei aquela vida. Só que meu marido não sabe, ele ama esse filho e acredita que esse filho é dele. Pastor o que devo fazer? Devo confessar agora o meu pecado? Já confessei a Deus, mas preciso confessar ao meu marido?” Então, você vê, essa é uma situação difícil.
Acredito que há circunstâncias que além de confessar a Deus, precisamos confessar aos homens. Vamos dizer que eu lhe roubei mil dólares sem você saber. E ninguém vai descobrir, ninguém vai saber nada. Eu lhe enganei em algum documento, peguei mil dólares e você não percebeu. Ninguém percebeu. Não existe possibilidade de alguém descobrir. Só que eu vou a Jesus e o Espírito de Deus toca meu coração e eu sinto arrependimento, sinto dor pelo que fiz. Eu confesso meu pecado a Deus e agora vou a você e digo: “Williams, você tem confiança em mim, eu sei, mas sabe, há dois anos atrás, eu fui desonesto com você. Você nunca percebeu, mas eu lhe roubei mil dólares e já confessei a Deus meu pecado, estou arrependido e quero lhe devolver, pois não posso continuar com essa culpa.
Pr. Costa Jr.: – Então confissão é sinônimo de restauração?
Pr. Bullón: - Lógico! Veja que nesse caso cabe a restauração, mas no caso anterior, o caso do filho daquela mulher, de que vai ajudar ela avisar ao marido, avisar ao filho? Você já imaginou a tragédia!? Então, há circunstâncias que o próprio sentido comum, ou melhor, o próprio Espírito de Deus nos dá o sentido comum para saber quando a confissão em lugar de consertar alguma coisa, somente traria dor, desespero e prejudicaria todo mundo. O Espírito de Deus vai dizer na hora. Agora, todo o pecado que nós podemos confessar, acertar, restaurar e corrigir, temos que fazer.
Pr. Costa Jr.: - Eu perdôo mas não esqueço. Você já ouviu isso? Talvez você mesmo tenha falado isso. Por incrível que pareça, isso é uma norma pra muita gente, é um padrão, é um estilo de vida. Será que quando Deus perdoa Ele esquece mesmo? Ou sempre fica aquela imagem meio cinza, meio turva da pessoa que errou? Será que Deus pensa: “olha, você está em período de regeneração, mas cuidado comigo”?! Como funciona com Deus?
Pr. Bullón: – Isaías 1:18, como já foi mencionado antes, e eu repito, diz o seguinte: “…ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve…” (Isaías 1:18). Isso é uma promessa de perdão completo. Na realidade, eu não diria que Ele risca, diria que Ele apaga completamente. O Velho Testamento está cheio de lindas promessas: “… lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Miquéias 7:19); “Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Salmos 103:12). Esses versos falam de perdão, de uma restauração completa. Perceba que o problema não está com Deus, o problema do pecado está com o ser humano. Sabe por quê? Porque Deus pode perdoar tudo, tudo mesmo!
Um dia uma senhora me procurou e disse: “Pastor, eu provoquei um aborto quando era garota de dezoito anos, solteira. Depois tive a alegria de conhecer meu marido. Casei. Ele não sabe que eu provoquei aquele aborto. Agora tenho três filhos, sou feliz com meu marido, já se passaram trinta anos daquilo, mas não consigo dormir em paz porque a consciência me atormenta; eu não somente cometi o pecado de fornicação mas também matei, eu cometi um assassinato, tirei a vida de uma criança. Há perdão para mim?” Eu quero dizer em nome de Deus: há perdão. Não há pecado que Deus não possa perdoar. O problema não é com Deus. O problema é conosco. Às vezes nós, seres humanos, chegamos a um ponto em que não queremos mais ser perdoados. Chegamos a um ponto em que não aceitamos mais o perdão. A Bíblia chama isso de pecado contra o Espírito Santo. Inclusive Mateus 12:31 diz: “…todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.” (Mateus 12:31) Mas qual é o pecado contra o Espírito Santo? É aquele que você brinca, brinca, brinca com o pecado; e chega um ponto em que o coração se endurece, você já não sente mais dor, e você não sente mais dor pelo que faz, muito menos irá sentir necessidade de perdão. E ai do seres humanos! Eu não gostaria nem de pensar no caso de um ser humano que por brincar, por tratar com leviandade as coisas divinas, chega ao ponto de se endurecer com as coisas de Deus, porque para eles não há perdão!
Pr. Costa Jr.: – Pecadinho, pecadão. Isso é outra coisa que a sociedade acredita. Por exemplo: você contou uma mentira leve, era fruto da situação, e não tinha jeito de falar a verdade mesmo, você iria correr um risco muito grande, foi um pecadinho. Agora, se você vem com uma faca e mata uma pessoa, é crime de primeiro grau, aí é um pecadão, aí você realmente está mal. Para Deus existe pecado maior ou pecado menor? Como é que funciona isso? Dependendo do tamanho do pecado, pode também mudar o tamanho da culpa?
Pr. Bullón: – Não existe diferença de pecado, existe diferença de culpa. Para Deus, pecado é pecado. Eu explico: se alguém assaltar um banco a mão armada e matar o caixa, isso para Deus é pecado. Eu sentar-me de gravata e colarinho branco e manejar as contas, engordando o bolso, isso também é pecado. Pecado por pecado, para Deus, ambos são pecados. Para Deus não existe graduação de pecados, mas existe graduação de culpa. Um jovem que nasceu pobre, sem instrução, que não conhece a Palavra de Deus e estupra uma menina, ou usa drogas, ou ainda trafega drogas, ele pode ter, de certa maneira, menos culpa do que eu, que tive toda a luz, toda a instrução necessária, fiz escola primária e secundária, fui à faculdade, fiz mestrado, conheço a Palavra de Deus e engano uma menina menor de idade, oferecendo algum dinheiro, e levando-a para a cama. Qual é o pecado maior? Pecado por pecado, os pecados são iguais, mas minha culpa é maior porque eu tenho mais luz; o outro tem menos luz. Existe graduação de culpa, mas não existe graduação de pecado.
Pr. Costa Jr.: – Então, o que o senhor disse, pela Palavra de Deus, é que se a pessoa confessa, se a pessoa se arrepende; existe esperança e ela pode ser liberta da culpa. Eu volto a perguntar mais ou menos aquilo que o senhor já respondeu: O perdão é para todo mundo mesmo?
Pr. Bullón: – Para todo mundo mesmo! Não há um ser humano que possa dizer que para ele não há perdão, desde que ele sinta que precisa de perdão. Somente não sente que precisa de perdão, quem cometeu o pecado contra o Espírito Santo, pois se endureceu. Para esse não há perdão, não porque Deus se cansou de perdoar, mas porque ele não quer ser perdoado.
O problema com o pecado, volto a enfatizar isso, está às vezes com as conseqüências do pecado. Deus pode nos livrar da culpa e do tormento da consciência, entretanto, às vezes, as conseqüências de nosso pecado podem levar-nos até a destruição final, até a morte para sempre.
Um homem que brincou de liberalismo, promiscuidade sexual, drogas, adquire AIDS, um dia se arrepende e pede perdão a Deus. Há perdão? Claro! Deus perdoa! “Mas fui homossexual?”, não importa! “Mas eu fiz aquilo”, Deus perdoa.
Agora e a AIDS? Deus não vai necessariamente tirar do corpo dele a AIDS. Então esse é o assunto, as conseqüências do pecado são terríveis. Eu sempre digo: Deus lhe perdoa, mas a vida pode não lhe perdoar!
Pensemos novamente no texto bíblico de I João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (I S João 1:9) Deus não apenas promete nos perdoar mas, também nos purificar, nos transformar. Portanto, quando o Espírito de Deus lhe der certeza do perdão e convidar para uma nova vida, o melhor é abandonar imediatamente todo o pecado, e correr para os braços de Jesus.
ORAÇÃO
Pai querido, existem pessoas que vivem anos e anos atormentadas pelo complexo de culpa. A culpa é como um martelo que bate de dia e de noite e não nos deixa em paz. Mas Te agradecemos pela Tua Palavra neste momento; e Te agradecemos pelo perdão. Como é bom sentir-se aliviado, sabermos que não importa o que tenhamos feito no passado, se nos arrependermos e confessarmos, Tu estás pronto a nos perdoar. Por favor, coloque paz em nosso coração. Em nome e pelos méritos de Jesus. Amém.